Infecção por HIV
UNAIDS e a OSM estimam que em 20111:
- 34 milhões de pessoas vivem com HIV no mundo
- 2.5 milhões de pessoas foram infectadas com HIV
- 1.7 milhões de pessoas morreram de doenças relacionadas com AIDS
Definição
O vírus da imunodeficiência humana (HIV) é um lentivírus (família dos retrovírus) que ataca os glóbulos brancos vitais no sistema imune humano, incluindo macrófagos, células dendríticas e em particular as células T (linfócitos CD4). 2
O HIV é transmitido através de fluidos corporais como sangue, sêmen, fluidos vaginais, fluído pré-ejaculatório ou leite materno. O contato sexual sem proteção é a via mais comum de transmissão. Outras vias de transmissão incluem transfusões de sangue, agulhas compartilhadas no uso de drogas intravenosas e transmissão de mãe para filho durante a gravidez, o parto ou a amamentação.O HIV infecta as células do sistema imunitário através da destruição ou tornando-as ineficazes pelo que o sistema imunitário é prejudicado e já não pode combater infecções. Sem tratamento anti-retroviral a doença progride normalmente ao longo de diferentes fases:
- Primeiro ano: redução rápida e transitória no número de linfócitos CD4;
- Progressão que vai de alguns meses até mais de 10 anos: o número de células T + CD4 diminuem lentamente para abaixo do nível crítico e o sistema imunitário não pode combater infecções oportunistas;
- Fase final: Início da SIDA (Síndrome de Inmunodeficiência Adquirida) completamente desenvolvido, marcado pela infecção com uma ou mais infecções oportunistas associadas com HIV ou câncer e, a morte.
Diagnóstico
As pessoas infectadas com HIV normalmente não sabem que são infectadas 3, em parte porque normalmente não há sintomas após a infecção recente. No entanto, estas pessoas são altamente contagiosa e podem espalhar a doença sem conhecimento. É por isso que muitas autoridades recomendam a realização do teste de HIV durante exames médicos de rotina em adultos, adolescentes e mulheres grávidas3. Com o diagnóstico precoce, as pessoas podem evitar a transmissão e começar mais cedo com o tratamento antirretroviral. Há evidências crescentes de que quando o tratamento começa mais cedo, a qualidade de vida é melhor, há menos risco de transmissão e há menos chance de desenvolver AIDS3.
Teste de Diagnóstico
O monitoramento convencional por HIV é usualmente realizado mediante uma amostra de sangue, esputo ou análise de urina para detectar a presença de anticorpos HIV.
- Estes testes são sensíveis e precisos quando a presença de anticorpos é suficiente, o que ocorre em média após 22 dias da exposição.
- Usando a análise de 4ª geração ELISA (teste por imunoabsoção ligado a enzimas) que detecta simultaneamente anticorpos HIV e antigênio VIH1 p24, permite a detecção precoce mais eficaz do que somente com análises de anticorpos3.
- Análise rápida em pontos de atendimento ajuda a monitorização mais acessível, para que mais pessoas sejam testadas precocemente. Isto é particularmente importante nos países em desenvolvimento, onde o acesso às análises são problemáticos.
- Se o resultado for positivo, a confirmação é realizada, geralmente num ensaio de Western Blot ou imunofluorescência.
Monitoramento
- Ensaios moleculares quantitativos, tais como PCR (reação em cadeia da polimerase) ou NASBA (amplificação baseada em sequência de ácido nucleico) são usados para medir a carga viral para pessoas que são HIV positivos. É importante o acompanhamento regular da carga viral para garantir a eficácia do tratamento anti-retroviral.4
- O uso de DBS (Dry Blood Spot) torna mais fácil a coleta e transporte das amostras de sangue para o monitoramento da carga viral. O formato simples de papel de filtro faz o monitoramento mais acessível mundialmente, especialmente em áreas remotas.
Prevenção / Tratamento
Prevenção
Enquanto não exista uma vacina contra o HIV, a prevenção da propagação da infecção pelo HIV são as campanhas educativas chave estratégicas e políticas destinadas a erradicar a doença, incluida na Declaração Política das Nações Unidas sobre HIV e Aids 201155. Os métodos chave de prevenção incluem:
- Redução do risco de transmissão sexual com sexo seguro (ou mais seguro):
- Uso consciente do preservativo3
- Tratamento antirretroviral ajuda a reduzir o risco de propagação de diferentes maneiras:
- Reduzir a quantidade de vírus em pessoas infectadas com HIV, reduzindo o risco de transmissão, incluindo a mãe para filho6,7
- Tratamento imediato posterior à exposição disminui o risco de contrair HIV8
- Profilaxe oral de pré-exposição (PrEP) é recomendada para populações de risco (homens e mulheres transgênero que têm sexo com homens, parceiros heterossexuais serodiscordantes)9
- A monitorização regular dos produtos sanguíneos e órgãos doados reduziu o risco de transmissão durante transfusões de sangue e transplantes de órgãos extremamente baixo10
- Programa de troca de seringas para usuários de drogas intravenosas ajuda a prevenir a transmissão através da partilha de agulhas11
Tratamento
Atualmente não existe cura para o HIV ou AIDS, mas os tratamentos atuais com antirretrovirais para HIV têm melhorado notavelmente a qualidade de vida e prognóstico para pessoas infectadas com HIV.
- Há 4 tipos de terapias com antirretrovirais (ART)
- Inibidores nucleotídeos da transcriptase reversa (RTNI)
- Inibidores nos nucleotídeos da transcriptase reversa (nRTNI)
- Inibidores de entrada ou fusão (IF)
- Inibidores de protease (PI)
- O tratamento é otimizado usando uma combinação de drogas de pelo menos 3 de dos 4 tipos de ARTs*12. Isto pode ser chamado de “terapia tríplice” ou “cocktail”.
- Um objetivo chave do tratamento é diminuir a carga viral no plasma.
- CD4, carga viral, segurança e estado metabólico devem ser monitorados.
- Pessoas infectadas pelo HIV também têm que receber imunização e profilaxia para proteger de infecções oportunistas.3
Guias
- World Health Organisation (WHO) Consolidated guidelines on the use of antiretrovirals for treating and preventing HIV infection
http://www.who.int/hiv/pub/guidelines/arv2013/en/ - World Health Organisation (WHO) Global update on HIV treatment 2013: results, impact and opportunities
http://www.who.int/hiv/pub/progressreports/update2013/en/ - UNAIDS Report on the Global AIDS Epidemic 2012
http://www.unaids.org/ - Screening for HIV: U.S. Preventive Services Task Force Recommendation Statement.
Virginia A. Moyer, MD, MPH, on behalf of the U.S. Preventive Services Task Force (USPSTF). Annals of Internal Medicine Clinical Guidelines: April 30, 2013
http://www.uspreventiveservicestaskforce.org/uspstf13/hiv/hivfinalrs.pdf - WHO recommendations on the diagnosis of HIV infection in infants and children
WHO: 2010. (NLM classification: WC 503.1)
http://whqlibdoc.who.int/publications/2010/9789241599085_eng.pdf - Guidelines for the prevention and treatment of opportunistic infections in HIV-infected adults and adolescents: recommendations from the Centers for Disease Control and Prevention, the National Institutes of Health, and the HIV Medicine Association of the Infectious Diseases Society of America. Panel on Opportunistic Infections in HIV-Infected Adults and Adolescents.
http://aidsinfo.nih.gov/contentfiles/lvguidelines/adult_oi.pdf
REFERÊNCIAS
- UNAIDS, WHO 2011
- Cunningham, A. et al. "Manipulation of dendritic cell function by viruses".Current opinion in microbiology 13 (4): 524–529. .
- Moyer, VA. Annals of Internal Medicine Clinical Guidelines: Screening for HIV: U.S. Preventive Services Task Force Recommendation Statement. April 30, 2013
- Dewar R, et al. Diagnosis of human immunodeficiency virus infection. In: Mandell GL, Bennett GE, Dolin R, eds. Principles and Practice of Infectious Diseases. 7th ed. Philadelphia, Pa: Elsevier Churchill Livingstone; 2009:chap 119.
- UNAIDS Report on the Global AIDS Epidemic 2012
- Cohen MS, et al. Prevention of HIV-1 infection with early antiretroviral therapy. The HPTN 052 Study Team.N Engl J Med 2011.
- WHO recommendations on the diagnosis of HIV infection in infants and children. WHO: 2010. (NLM classification: WC 503.1)
- CDC. Antiretroviral post-exposure prophylaxis after sexual, injection-drug use, or other non-occupational exposure to HIV in the United States: recommendations from the U.S. Department of Health and Human Services. MMWR 2005;54(No. RR-2):1-20
- Guidance on oral pre-exposure prophylaxis (PrEP) for serodiscordant couples, men and transgender women who have sex with men at high risk of HIV: Recommendations for use in the context of demonstration projects. WHO: July 2012.
- Rogers MF, et al. National Center for Infectious Diseases Jones WK., Dr. P.H. Office of the Associate Director for HIV/AIDS. Guidelines for Preventing Transmission of Human Immunodeficiency Virus Through Transplantation of Human Tissue and Organs. CDC: May 20, 1994 / 43(RR-8);1-17
- Bruneau J, et al. Trends in Human Immunodeficiency Virus Incidence and Risk Behavior Among Injection Drug Users in Montreal, Canada: A 16-Year Longitudinal Study. Am. J. Epidemiol. (2011) 173 (9): 1049-1058.
- Guidelines for the Use of Antiretroviral Agents in HIV-1-Infected Adults and Adolescents. Panel on Antiretroviral Guidelines for Adults and Adolescents. Department of Health Services (http://www.aidsinfo.nih.gov/)
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